"Amor, amor acorda! O companheiro assustado olha no relógio as 4:45 da madrugada e diz: O que foi, está tudo bem? A mulher com todo seu jeitinho diz: Amor, estou morrendo de vontade de comer um x-bacon com banana" Como ninguém gostaria de ter um filho com cara de x-bacon com banana, normalmente o homem acaba cedendo e indo atrás do bendito quitute da madrugada. Esta situação serve de exemplo para ilustrar uma série de mudanças comportamentais das mulheres ao longo do período gestacional. Então, você leitor vai me perguntar: “o que tem haver mudança comportamental com a odontologia?”, eu explico. O corpo da mulher precisa se adaptar para sofrer um estresse enorme ao longo do período gestacional, para suportar esta sobrecarga ele precisa realizar mudanças, estas mudanças são induzidas em sua grande parte pelos hormônios que se alteram ao longo dessa fase. A variação hormonal causa as mudanças de comportamento e agem diretamente sobre o corpo da mulher. No período de gestação as mulheres apresentam mudanças, tanto comportamentais, quanto no seu próprio corpo. Estas alterações fisiológicas serão de extrema importância para entendermos algumas doenças que são mais comuns nesse período, seus tratamentos e algumas maneiras de prevenção para uma gestação mais tranquila para a futura mamãe e o bebê. GENGIVITE, PERIODONTITE E CÁRIE Mulheres grávidas têm uma maior tendência a desenvolver a gengivite. A gengivite é uma inflamação reversível na gengiva que pode ser facilmente tratada com a utilização de fio dental, uma técnica de escovação mais adequada e o aumento no número de vezes que se escova os dentes no dia. A periodontite é o passo seguinte da gengivite: É uma inflamação irreversível da gengiva causada por bactérias que estão instaladas ou aderidas a raíz do dente e precisa de ajuda profissional para serem parcialmente removidas. Neste período as mulheres produzem 10 vezes mais progesterona e 30 vezes mais estrógeno que uma mulher em ciclo menstrual normal, este excesso resulta em menos proteção, mais inflamação e dor (Principalmente da gengiva). Voltando a falar um pouquinho sobre o comportamento feminino, podemos imaginar que durante este período, existem os picos de ansiedade que normalmente terminam dentro daquela caixa de bombons, ou em alimentos que normalmente tem um alto teor de açúcar. Estas mudanças no comportamento alimentar podem ser prejudiciais em vários aspectos, inclusive nos dentes da gestante. Doces e açúcares são os principais causadores de cárie e não havendo correta escovação, o ambiente para sua proliferação se torna perfeito. Assim como na gengivite e na periodontite, a remoção mecânica das bactérias e dos açucares que estão sobre a superfície dentária contribuem muito para evitar este problema. Por isso a visita regular ao dentista para um diagnóstico precoce da cárie dentária e a profilaxia feita pelo profissional são de extrema importância para a mulher neste momento. ALTERAÇÕES GASTROINTESTINAIS Os intermináveis enjoos seguidos de vômitos decorrente do desenvolvimento do bebê, podem representar um grande risco devido à indução de uma acidez na boca. Esta acidez pode causar diversos problemas como a desmineralização do dente, ou seja, uma perda de alguns minerais que fazem parte da matriz dura do dente, fazendo com que se forme áreas porosas mais susceptíveis a cárie ou à perda de estrutura dental devido a força mastigatória. Para evitar este problema recomenda-se lavar a boca cuidadosamente após esses episódios com leve escovação, afim de evitar a corrosão pelo ácido. ALTEREÇÕES RESPIRATÓRIAS Agora a mamãe terá que respirar por quase 2, por isso há uma necessidade de um aporte maior de oxigênio. Muitas mulheres em período gestacional relatam uma sensação de secura na boca, estudos indicam que 50% delas tem este sintoma. Normalmente isso acontece porque a respiração bucal entra como um complemento à respiração nasal e realmente acontece uma sensação de secura devido a evaporação. Há um aumento de 20% no consumo de oxigênio no corpo da mãe ao longo da gestação. Nestes casos recomenda-se cuidados especiais em relação à diminuição do fluxo salivar, sendo muito importante o enfoque na higienização da boca e se necessário a utilização de análogos da saliva que são vendidos nas farmácias. Outras alterações importantes podem ser observadas ao longo do período gestacional, porém as listadas acima são as mais comuns e com maior impacto na qualidade de vida da gestante e do bebê em formação. Até agora falamos das alterações que acontecem durante a gestação que tem implicação direta com as doenças e com a qualidade de vida das gestantes, agora vamos falar um pouco sobre os cuidados que devem ser observados durante o atendimento odontológico da gestante. ALTERAÇÕES CARDIOVASCULARES A alteração da veia cava inferior por conta da compressão uterina devido ao desenvolvimento fetal pode fazer com que a gestante tenha variação na pressão arterial devido a posição que ela fica na cadeira odontológica, isto pode causar uma síncope (tontura, fraqueza, sudorese, agitação, zumbidos, palidez, diminuição da pressão arterial e convulsões em casos mais severos, porém muito raros). Durante o atendimento odontológico, deve-se manter a gestante na posição dorsal (de barriga para cima) e confortável à ela (se necessário empurrar o útero ou deitar-se na cadeira para o lado esquerdo afim de elevar a bacia para o lado direito, isto pode trazer uma sensação mais agradável, evitando sustos no atendimento. O mais importante nestes casos é que o profissional esteja preparado para perceber os sintomas e notar que são previsíveis e normais. Fazer o máximo para acalmar a gestante e coloca-la numa posição adequada para sua recuperação como foi citado acima. USO DA RADIAÇÃO Por se tratar de uma ferramenta auxiliar ao diagnóstico, a radiografia deve ser empregada pelo profissional de maneira responsável e adequada. Com a utilização dos aventais de chumbo para a devida proteção da mãe e do bebê, a radiografia não causa nenhum dano a formação do feto. É necessário a exposição de 5 rads para haver possibilidade de má formação ou aborto espontâneo, sendo que uma tomada radiográfica bucal equivale a 0,01 milirads de radiação, ou seja, menos que a radiação cósmica adquirida diariamente. ANESTÉSICOS LOCAIS Por se tratarem de substâncias extremamente necessárias ao atendimento odontológico, os anestésicos locais são amplamente estudados. Existem vários tipos de anestésicos, bem como várias técnicas anestésicas, não ousaria aqui fazer uma discussão a respeito, mas vamos tentar entender o básico. A seleção de uma técnica anestésica adequada, bem como a correta execução pelo profissional são essenciais para neutralizar os riscos durante e depois dos procedimentos. Sempre se opta pelo anestésico com vasoconstrictor por uma série de motivos. A contraindicação do vasoconstrictor pode e deve ser discutida com o obstetra que faz o pré-natal, uma vez que temos vários tipos de substâncias que podem ser utilizadas visando o menor prejuízo para a gestante e para o bebê. A maior preocupação da administração medicamentosa entre gestantes e lactantes é a passagem do fármaco pela barreira placentária e pelo leite materno, que pode causar efeitos nocivos ao feto e ao bebê. No entanto, a utilização em doses corretas podem minimizar consideravelmente o risco. Podemos utilizar como exemplo o anestésico com vasoconstritor LIDOCAÍNA 2% com Adrenalina 1:100.000, ele é considerado seguro, no entanto o profissional precisa ter a ciência de duas interações medicamentosas e a técnica anestésica deve ser executada perfeitamente. É importante ressaltar que o limite deste anestésico são 2 tubetes por sessão. Um exemplo de contraindicação é a Prilocaína. Bupivacaína, Mepivacaína e Articaína, podem ser utilizadas desde que o caso seja estudado previamente e a indicação destes anestésicos mais fortes seja necessária. Assim, concluímos que podemos e devemos sim, atender e tratar pacientes gestantes. A saúde bucal interfere diretamente no estado emocional, psicológico e físico e, em uma fase tão importante na vida de todas elas, temos o dever de dá-las todos os cuidados necessários para sua saúde e do seu filho. Dr. Bruno Frignani Sylvestre Cirurgião Dentista (CRO-SP 105924) Para esclarecimentos sobre este ou demais assuntos, consulte nossa equipe de Cirurgiões Dentistas, clique aqui.
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